segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Nostalgia


Na minha cabeça já conto várias histórias para os meus netos imaginários. Sinto velhice precoce! Só que não é uma velhice precoce de preguiça do novo. É uma velhice precoce de saudade do velho. Uma agradável crise de nostalgia.
Quando a segunda-feira chegar, digam a ela que estou fazendo cocô! Mas, na manhã de hoje ninguém avisou. Acordei sentindo saudade dos velhos e bons. E consciente dos novos que nunca serão velhos.
Quando ela  vem, pego meu livro de páginas infinitas, sento na minha poltrona também imaginária e começo a folhear... O que fica são as páginas amareladas, cheias de orelhas, com anotações e partes grifadas dos melhores momentos vividos. Páginas rasuradas, páginas incompletas, rabiscos vão paulatinamente sendo deixados para trás.
    Com um silêncio estarrecedor só é possível ouvir as páginas sendo descoladas uma das outras. Seguida de leves suspiros e aquele cheirinho de muito tempo guardado. Cheirinho bom igual de chuva molhando a terra. Nenhuma palavra sequer. Só um combo de lembranças.
Começo a folhear pausadamente as folhas amareladas. Nelas estão aqueles que tiram os brinquedos das caixas sem medo de depois sujar, aqueles que gastam os adesivos dos seus cadernos, estão aqueles que sentam no chão quando sentem vontade, os que seguram o franguinho com a mão, que usam louça bonita. Estão aqueles que não encapam sofá pra não sujar, que usam roupas por se sentir bem, que brincam sem medo de parecerem bobos, que riem até a barriga doer...
Sem perceber a nostalgia se foi, sem ao menos dizer tchau...
Agora,  por favor, encha a minha xícara e me diga: Como vai você?

4 comentários:

Anônimo disse...

Simplesmente delicioso ler o que vc escreve. Que talento, menina! Rose.

Anônimo disse...

Perfeito! "aqueles que tiram os brinquedos das caixas sem medo de depois sujar, aqueles que gastam os adesivos dos seus cadernos, estão aqueles que sentam no chão quando sentem vontade, os que seguram o franguinho com a mão, que usam louça bonita..." Van.

Leiva disse...

Muito bom...que saudades dos velhos tempos...

Anônimo disse...

Nota mil.... - Wal

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Fabí Assis Barddal
Uma inútil que acredita que a inutilidade um dia vai dominar o mundo. Por formação sou Engenheira Agrônoma Paisagista e escritora
por pura preguiça de trabalhar. Também corto cana nas horas vagas.
Nada disso me deu dinheiro, só muito prazer.

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