sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Praia


         Meu marido me disse certa vez que o avô dele dizia que a praia era o lugar mais democrático do mundo. Lá, independente dos zeros depois da vírgula, todos trajavam roupas de banho e sandálias de dedo. Impossível saber quem era quem.
           Deve ter sido uma época fascinante! É! Deve ter sido...
          Hoje os velhotes sentados à sombra de um guarda-sol mexem incessantemente em seus tablets de última geração ao lado de suas esposas esculpidas e esticadas. Essas por sua vez, além de tomar o sol do meio dia também assustam criancinhas quando sorriem. Haja pele!
        Já outros preferem levar toda mudança de casa para a areia. Depois de esparramar toda aquela ‘tranqueirada’ a pessoa olha analisando qual móvel ficou faltando. O sofá será? Talvez, o microondas?
          Mulheres pagando de gatinha achando que estão seduzindo quando na verdade estão apenas com os dentes borrados de batom. Elevam sua autoestima ao verem uma gordinha celulitosa passando e logo em seguida já se deprimem ao ver um belo par de  pernas grossas acompanhada de uma bundinha arrebitada. É o auge da oscilação!
          E Piriguete que é piriguete  é pirguete até na areia. Biquíni vermelho - fio dental, cheio de babados nas laterais, pulseiras, anéis, brincos, bolsa, celular, óculos de armação branca. Ufa!
         É notável a diferença de classes. Temos a classe baixa, classe alta e a classe que faz média. Não leva frango porque é coisa de pobre, mas leva biscoito de polvilho.
          Mas, praia ainda é isso...
       Pai de família armando guarda-sol, cadeira, estendendo toalha e espalhando os brinquedos das crianças até a maré subir e carregar tudo. E nem adianta fazer cara de que era oferenda pra iemanjá que ela só sai do mar pra pegar perfume da avon. Cabelo chegando lindo e saindo só o fiasco. Isso me fez lembrar a velha piada do ‘lavou o cabelo com shampoo de laranja?'. Guarda-sóis de promoção de produtos (que a pessoa não queria comprar e só comprou por causa do brinde) saindo voando e um bando atrás gritando ‘Pega!’. Mulherada fazendo fio dental com tangão e carregando lustre no lugar do piercing no umbigo. Gente grande se divertindo mais do que criança fazendo castelinho de areia. E claro, tomando os 7 caldos. Porque pular 7 ondas é para os fracos.
          E afinal, onde foram parar os desenhos nas nuvens que estavam bem ali?

12 comentários:

Leiva disse...

Adoro todas

Siluane Luza disse...

negaa, suas crônicas são as melhores sempre!
É a mais pura verdade.. rs
saudades!

Jordana Andrioli disse...

Talento puro!!!! Adoro suas crônicas.

Anônimo disse...

Muuuuitoo Bom...

Wal disse...

Eita Fabí... tá um show. Muito bom mesmo!

Janice disse...

AmooO as crônicas da Fabí, uma melhor que a outra...
Bjs negona...

Unknown disse...

Muito bom Fabí, eu acho engraçado aquelas meninas que mergulham e saem achando que é a garota do fantástico e nem percebem que estão pagando peitinho.

Unknown disse...

Muito bom Fabí, eu acho engraçado aquelas meninas que mergulham e saem achando que é a garota do fantástico e nem percebem que estão pagando peitinho.

Ana Lígia Cabeza Petry disse...

Muito boa essa!!!

Anônimo disse...

Muito bom!!!!

Nubia disse...

Tá feia a coisa a praia não é mais comunista é capitalista, rsrsrsr

Cristiane Veronesi disse...

Eu lendo e imaginado a Praia de Camburi...kkkkkkkkk

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Fabí Assis Barddal
Uma inútil que acredita que a inutilidade um dia vai dominar o mundo. Por formação sou Engenheira Agrônoma Paisagista e escritora
por pura preguiça de trabalhar. Também corto cana nas horas vagas.
Nada disso me deu dinheiro, só muito prazer.

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