quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Diário.


     Querido diário, se eu tivesse 5 anos começaria contando que derrubei minha chupeta dentro do vaso, limpei no meu short e coloquei na boca de novo.
     Querido diário, se eu tivesse 10 anos começaria contando que a professora não me deixou ir ao banheiro e eu fiz xixi nas calças.
   Querido diário, se eu tivesse 15 anos começaria dizendo que voltei da festinha da escola e fiz xixi na cama.
    Querido diário, se eu tivesse 20 anos começaria contando que fui em um casamento e na volta fiz xixi dentro do elevador.
     Querido diário, se eu tivesse... bem... se eu tivesse...
     Querido diário, hoje acordei mais atrasada que uma obra do PAC. Pulei da cama ao ver que perdi a hora e fui correndo pro banheiro. Na pressa acabei chutando o pé da cama com o ele, claro, o dedinho. Sempre ele! Nem unha tenho mais. Ele agora é simplesmente um dedo programado para se autodestruir. Saltitando numa perna só tentando aliviar a dor escorreguei no tapete.  Enverguei pra trás e pra não cair enverguei pra frente. Foi quando bati a testa no box. Até aí tudo sob controle! Terminei meu banho e já corri pro guarda-roupas. Enquanto as magras usam tomara que caia, eu uso tomara que caiba.
      Fui pra cozinha tomar apenas um copo de leite porque já estava atrasada o suficiente. Coloquei o copo e o pote do toddy na mesa e fui pegar o leite. Na volta, ao invés de derramar o leite dentro do copo acabei derramando dentro do toddy. Maravilha! Saí com fome. A princípio só tentei porque enrosquei a alça da bolsa na fechadura da porta e tomei um tranco que me jogou pra dentro do apartamento novamente.
    Fiz uma lista do que eu tinha que fazer e comprar. No meio do caminho me dei conta que esqueci a lista em casa. Fiquei na expectativa do meu cérebro colaborar ao menos dessa vez. Se bem que minha expectativa já era como uma raspadinha: às vezes até dá alguma coisa, mas bem menos do que você imagina. Comprei menos da metade do que estava na lista. Na hora de pagar a costureira minhas moedas esparramaram feito batatinha pelo chão. Minha dignidade ficou lá no ateliê agachada pagando cofrinho.
     Depois de fazer muitas barbeiragens pelo trânsito voltei pra casa com os pneus pintados do meio fio. No meu prédio as vagas são iguais de supermercado (uma zona e só sobra as que têm que manobrar) - fiquei escolhendo a ‘menos pior’ - depois de quase 10 minutos fazendo força manobrando meu sutiã abriu. Minha blusa pra ajudar era branca e o subsolo cheio de câmeras. Fiquei fazendo pensamento positivo para meus bojos não saírem do lugar. Com as mãos cheias de sacolas me contorci pra chamar o elevador e me contorci mais uma vez para apertar o oitavo andar. Com as mãos carregadas e uma vontade imensa de espirrar acabei espirrando nos botões (por isso nunca coloquem a mão em corrimão de escada e sempre apertem botões públicos com a pontinha da chave. E descarga só com o pé).
     Já era final de tarde. Entrei em casa e  lembrei que não tinha água. E como já dizia meu pai “Onde a Fabiana põe a mão o prejuízo vai junto!” Quando fui trocar o galão de 20 litros deixei escorregar e cair. Fiquei quase 40 minutos puxando água pro ralo. Quando terminei estava mais cansada que o sutiã da Fafá de Belém. E ainda fui advertida pela síndica por ter ‘inundado’ o meu andar.
      Sendo assim, vou voltar pro meu tricô.

8 comentários:

Géssika S. Garcia disse...

Je-sus...qdo é assim tem q voltar dormir...rsrs Muito boa!!!

Anônimo disse...

Só você mesmo Fabí...

Ficou muito boa.
Bjs.


Jor

karilene disse...

hahaha só vc mesmo! Amo suas Crônicas Amiga :D

Anônimo disse...

ótima!! Suuua cara rs
beijãooo
Clara

Janice disse...

Ameii...
Ri do início ao fim rs
Amo as crônicas da Fabí...

Unknown disse...

Amei!!!

“Onde a Fabiana põe a mão o prejuízo vai junto!”
Essa é boa!!!

bjão

Jaque Oliveira disse...

rsrsr..Muito bom!!!

Bjux.

Nubia disse...

Do desastre nasceu uma cena cômica, gostei.

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Fabí Assis Barddal
Uma inútil que acredita que a inutilidade um dia vai dominar o mundo. Por formação sou Engenheira Agrônoma Paisagista e escritora
por pura preguiça de trabalhar. Também corto cana nas horas vagas.
Nada disso me deu dinheiro, só muito prazer.

Crônicas

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