sábado, 10 de julho de 2010

O tempo.

         Já não sei mais se o tempo passa ou se ele corre. Só sei que estou me sentindo velha. Não fisicamente porque meus peitos ainda não estão caídos em cima do meu umbigo, nem minha barriga caída em cima... bem, vocês sabem em cima de onde. Nem minha bunda tem formato de bochecha de bulldog. 
      Estou me sentindo velha pelas lembranças. Tudo parece que aconteceu ontem, mas quando paro pra calcular esse ontem me sinto velha. Foi ontem...
      Minha irmã ia para as aulas de datilografia. Chegava em casa e meu pai deixava ela usar a máquina dele pra treinar. Eu ficava só olhando porque diziam que eu não tinha idade para isso. Claro que eu mexia escondida! E quando encontravam as teclas enroscadas eu nunca assumia que aquilo era obra minha. Tinha sempre que me contentar com um estojo de canetinhas coloridas made in Paraguai que de tanto álcool na sua composição as cores eram mera ilusão quando postas no papel. Sem falar que sempre borravam as folhas seguintes. Mas, evoluí tempos depois. Aposentei as canetinhas porque ganhei uma caneta de 10 cores. Afinal, eu já estava virando uma mocinha! Uma mocinha besta, né? Só sendo besta pra ficar escrevendo e desenhando com aquela coisa grossa. Desenhava com ela até minha mão doer (o que não demorava mais que cinco minutos – até hoje não sei se era culpa da caneta ou se eu já era preguiçosa desde essa época.). Quando cansava ligava a TV pra assistir Alf, A Família Dinossauro, Cavalo de Fogo, Denis – O Pimentinha, Punk – A levada da breca, Duck Tales – caçadores de aventura, He-Man... Quando chegava o finalzinho de tarde ia pra rua (leia-se calçada na frente de casa, nem um passo a mais nem um a menos) encontrar os vizinhos pra brincar de bandeirinha, barata, pega pega, passa anel.... Às vezes brincava até a hora da minha mãe gritar da área de casa (quando isso acontecia juro que se eu tivesse um rabinho já chegava com ele no meio das pernas) outras vezes brincava até a hora que me machucasse. E isso acontecia muito! Graças ao meu chinelo do Topo Gigio. Ele era estilo rider, só que ele era muito mole. Toda vez que eu ia correr eu tropeçava porque a ponta dobrava e eu acabava ficando sem a ponta do dedão. Aí quando tava machucada ficava em casa arrumando minha pasta de papel de cartas e separando os repetidos pra trocar. Claro que os amassadinhos valiam mais! Não no sentido literal, mas os que tinham esse desenho. Quando o dedo já estava melhorzinho eu passava meu batom da moranguinho (eu era normal, passava e comia. Estranhas eram as que só passavam). Esta era a produção pra eu poder dublar e dançar. O microfone era uma escova de cabelo. Aquelas fitas Hit Parade e Rock Balads embalavam meu divertimento. Já pirei muito com New Kids On the Block e Michael Jackson. Deixava essa programação reservada pra quando perdesse a ponta do dedo porque quando eu tava inteira eu amava pular elástico. Muitas vezes fui pra escola só pra isso. Eu treinava em casa, colocava o elástico na cadeira e ficava pulando. A parte ruim é que em casa eu inventava minhas regras e quando chegava na escola ninguém aceitava. Mas, sempre me deixavam pular primeiro. Deixavam pra eu pular logo, errar logo e sair logo.              
     Só que não são só as lembranças da infância que tem feito me sentir velha. Também me sinto velha quando encontro alguém que por um algum momento, questão de meses atrás, fez parte da minha vida e hoje mal nos falamos. Amigos que deixaram de ser amigos, segredos que não são mais divididos, pessoas que não estão mais nas mesmas festas, rodas, lugares.            
   E assim tudo fica entregue ao acaso. E quando o reencontro acontece tudo não dura mais que alguns minutos. A pessoa diz se casou ou não, se tem filhos ou não, onde está morando e pede pra aparecer qualquer dia desses. Saindo dali o ciclo se repete e tudo volta pro baú de memórias.

5 comentários:

Siluane disse...

Só vc pra me fazer lembrar da minha infância e morrer de rir! rs

Adoreii!

saudades!

Carielen disse...

Esse finalzinho ai é a mais pura vdd...sinto falta d tanta coisa...d tantas pessoas...aff...tb estou me sentindo velha...

bjO...e saudades d vc Fabí.. :)

Anônimo disse...

Ha vc me fez relembrar tudinhoo a minha
infância... :))
Ameiiii !!
Saudadee Fabízudaaa

karilene disse...

Vixiii esse anônimo ai sou euu a Kari ..(que lesada eu aiaiai kkkkk
beijooo Fabí

Valéria Negrão disse...

vc esqueceu de citar os dedos das maos quebrados...jogar futebol ou volei era so p se quebrar...morro de saudades dessa epoca...uma coisa que nao me esqueco é vc usando o chapeu da eliana lembra? rs

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Fabí Assis Barddal
Uma inútil que acredita que a inutilidade um dia vai dominar o mundo. Por formação sou Engenheira Agrônoma Paisagista e escritora
por pura preguiça de trabalhar. Também corto cana nas horas vagas.
Nada disso me deu dinheiro, só muito prazer.

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