sábado, 3 de julho de 2010

Diferença.


       Existem vários tipos de mulheres e existem também as cheias de classe, no caso, as classudas. E não há dúvida que todas as pertencentes às outras classes queriam pertencer a esta última. Eu mesma adoraria ser uma mulher classuda, cheia de estilo e com a autoestima elevadíssima, mas confesso que tenho pouco disso.
        Toda vez que vou sair é sempre a mesma coisa. Horas antes do horário combinado a operação “Cinderela” tem que entrar em ação. Pra mim e pra mais tantas outras mulheres desprovidas de classe é a hora da tortura, do desespero, do surto, da histeria feminina avançada. Poucas foram às vezes que consegui chegar ao final da “Missão Cinderela” sem chorar. Choro porque a maquiagem de um olho ficou totalmente diferente do outro. Choro porque ao invés de ficar com aquele olhar de capa de revista fiquei parecendo uma mulher que foi à delegacia denunciar o marido na “Maria da Penha”. Choro porque a roupa não serviu. Nessa hora lembro de tudo que comi e me arrependo mortalmente apesar disso não me emagrecer e me deixar ainda pior. Choro por não conseguir combinar uma coisa com a outra. E principalmente, choro por não ter roupa. Choro! Choro compulsivamente e choro  escandalosamente quando estou na tpm.
     É incrível! Nem um jeans com uma blusa eu consigo combinar. Acertar o sapato com o vestido então impossível! E os acessórios? Prefiro nem comentar. Odeio quando passa na tv dicas de como se vestir, de sapatos, de acessórios, de cabelo, etc, etc e etc. Eles só servem pra me mostrar o quanto sou brega. Semana passada mesmo no meio de um jornal apareceu uma mulher falando sobre as tendências pro próximo verão. Eu comprei um óculos marrom, a consultora de moda disse que agora a sensação são os óculos brancos ou colorido. Fiz californiana no cabelo e ela disse que isso é tendência passada. Comprei um biquíni lindo de amarrar no pescoço, mas a onde é tomara que caia. Parecia que ela tava falando comigo zuando da minha cara.
       Minutos depois começou um filme. Oba! Lá vem a tv novamente me mostrar a bosta que sou. Era um filme com a Angelina Jolie. Pra mim ela é um bom ponto de referencia de um ser classudo. Meu, que classe! Comecei então a me comparar com ela pra ver se pelo menos um rastro de classe habitava em mim. Foi aí que pra minha grande felicidade eu descobri que tínhamos algo em comum. Sim! Assim como ela eu também quero ter muitos filhos. Mentira! Não encontrei nada. Só disse isso pra tentar fazer com que eu acreditasse que tinha algo em comum com ela. É esse foi o ponto que mais se aproximou da minha realidade.
       Mas deixando a tv e principalmente a Angelina pra lá resolvi chamar uma amiga pra ir até o shopping pra comermos alguma coisa e pegarmos um cineminha. Coloquei minha melhor roupa, fiz uma maquiagem básica pra não correr o risco de ser confundida com o Patati-Patatá, coloquei uma sandália linda e fui busca-la. A desgraçada tava de moleton e um rabo de cavalo e ainda assim foi a “sensação”. O porte ereto, o andar sutil e delicado, a beleza, a fineza, resumindo a CLASSE fez com que ela chamasse a atenção por onde passássemos. Ou seja, pessoas classudas não precisam de nenhum esforço para serem notadas.
    E eu? Eu poderia muito bem aprender com ela. Poderia! Mas não adiantaria porque mesmo me esforçando muito nunca teria o mesmo efeito de quem nasce assim. E viva a beleza interior!

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Fabí Assis Barddal
Uma inútil que acredita que a inutilidade um dia vai dominar o mundo. Por formação sou Engenheira Agrônoma Paisagista e escritora
por pura preguiça de trabalhar. Também corto cana nas horas vagas.
Nada disso me deu dinheiro, só muito prazer.

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