sábado, 26 de junho de 2010

Eis a questão!

         Seria cômico se não fosse trágico ou seria trágico se não fosse cômico? Como diria meu brother Shakespeare “Eis a questão!”
      O fato é que estávamos reunidos em um barzinho, eu, meu noivo e um grupo de amigos. Tudo ia bem, conversa vai, conversa vem, muitas risadas, petiscos e bebidas até que o tão esperado momento de ir ao banheiro chega. Primeiro tentei fingir que não queria ir pra tentar iludir meu xixi que a vontade era psicológica. Não adiantou! Tentei então uma motivação pessoal. Fiquei repetindo mentalmente que eu que mandava no xixi e não ele em mim. Também não funcionou! Como estávamos todos sentados não pude fazer a minha tradicional dancinha (se não estiver tocando música e eu começar a me mexer pode ter certeza que eu quero ir ao banheiro). Não que essa dancinha faça a vontade passar, mas ajuda a dar uma adiada.
      Impossibilitada de fazer a dancinha optei pelo plano b. Comecei a mexer as pernas embaixo da mesa. Nada de abrir e fechar, isso seria fatal! É algo como um mal de Parkinson mesmo. Funciou! Em partes. A vontade não passou, mas consegui adiar por longos 3 minutos.
    Já com muita dor na barriga e preocupada que minha bexiga lacearia e eu corria risco de ficar mais barriguda (velho ensinamento que sabe lá Deus de onde veio, mas que não custa nada obedecer), eu decidi ir ao banheiro. Levantei cuidando para não fazer ali mesmo. O que pra mim não teria problema nenhum, mas já que a sociedade insiste que na roupa não pode, vamos lá! Pedi a direção correta para o garçom porque naquele estágio qualquer passo a mais significava um pingo na calcinha. Ao me deparar com as portas...
     - Oh céus! Em qual entrar?
      Não gente, não sou traveco! Nem tenho dúvidas sobre o que tenho no meio das pernas. O problema é que eu não estava conseguindo decifrar os desenhos. Sempre pedem pra não cagar nos banheiros públicos mas já começam cagando na porta. Que porra de mulher com cara de homem e que merda de homem com cara de cachorro. Guarda chuva que parece girafa e bengala que parece lápis de cor. Por que desenham? Deixa eu tentar entender... Não escrevem porque tem gente que não sabe ler. Beleza! Não fazem os símbolos de feminino e masculino porque alguns fazem confusão (Se tivessem participado da minha aula de biologia sempre se lembrariam que o símbolo pra cima é do homem porque imita o pipi. Mas alguns homens tem problema de ereção. Então, ta!). Deixa o símbolo pra lá. Fora essas opções resta o que? Desenhar! Então, pelo amor de Deus, façam desenhos que prestem! Se não sabe desenhar, se não tem dinheiro pra pagar um pintor, nem pense em chamar aquela sua tia que pintava guardanapos. Cole nem que for a foto da mãe e do corno do pai pra distinguir os locais. Se querem tanto facilitar, facilitem! Oras bolas!
      Após entrar no banheiro com a mulher de bigode e chapéu pintada na parede olhei para as 5 portas e me senti na “Porta dos Desesperados” do programa do Sérgio Malandro. Fiquei imaginando se acharia uma bicicleta ou se sairia um macaco me aterrorizando. Escolhi a porta número 3. Claro que saiu um macaco. Que nojo! Tentei a porta 2 e outro macaco. Tentei a porta 1, de novo! Claro, sempre olhando por baixo pra ver se havia alguma perninha. Fui pra porta 5. Ufa! Agora estava mais próxima de um vaso do que nunca. Aliás, nunca me imaginei sorrindo e me sentindo imensamente feliz ao ver aquela coisinha branca com água no fundo. Fiz contorcionismo pelo espaço que tinha pra entrar e fechar a porta. Bom, isso se tivesse trinco. Também pela situação das privadas isso já era querer demais, né? Um vaso limpo e uma porta que fecha. Imagina!
       Enfim, porta encostada! Se eu fosse homem era só virar, abrir a calça e dar adeus ao xixizinho. Mas, como sou mulher ao entrar no banheiro lembrei de um ensinamento muito valioso de minha mãe:
       - Quando for usar banheiro público NUNCA, NUNCA sente no vaso!
     Enquanto pendurava minha bolsa no pescoço (já que não havia nenhum ganchinho por lá, quase nunca há) eu tentava abrir minha calça e com a outra mão eu cuidava pra segurar a porta caso alguém empurrasse. Nessa hora eu já estava quase sendo decapitada pela alça da bolsa de tanto peso pelas porcarias que havia dentro. Me contorcia fazendo malabarismo e tentava me decidir:
    - Forrar a tampa com várias camadas de papel e mijar gostoso sentada ou fazer posição de agachamento, sentindo os músculos das coxas trêmulos e torcer pra acabar logo? Minha dúvida terminou no momento em que olhei pro rolo de papel e só vi o rolo. Pronto! Opção por tonificar as pernas escolhida. No mesmo momento que eu dava adeus ao meu xixi, eu procurava por algum guardanapinho na bolsa que ainda estava pendurada no meu pescoço. E com a outra mão, claro, eu continuava cuidando da porta.
         Terminei.
      Ergui a calça, olhei pra descarga. Nessa hora eu já não tinha mais papel algum. Pensei em dar descarga com o pé, mas desastrada do jeito que sou o máximo que eu conseguiria era me enfiar dentro do vaso. Tentei apertar com a pontinha do dedão, mas tive que acabar usando a ponta dos outros dedos pra conseguir impulsionar. Tirei a bolsa do pescoço, abri a porta e fui direto pra pia. Lógico que uma estava entupida. Essa é clássica! Lavei minhas mãos em outra, claro! E surpresa! Não tinha papel pra enxugar. Acabei secando na minha própria roupa. Saí de lá com a mesma felicidade de quando entrei.
        Voltei pra mesa, sentei.
         Meu noivo olha pra mim e diz:
        -Por que demorou tanto?
       Eis a questão!

4 comentários:

Faby Nogueira disse...

Uma comedia suas cronicas, cada semana algo que surpreende. Parabens...!!!

Anônimo disse...

Tá anonimo mas vou dar a dica só pra vc, sou eu magrelo tá?...Viu só que da fazer a cirurgia, se vc não tivesse cortado o pinto tava facil de dar essa mijada, mas não foi querer virar mulher agora aguenta..rsrrss

Gabriela Zen disse...

kkkk só a fabi me faz gargalhar no meio da noite... Meu marido me pedindo por que to rindo tanto.. Ahhhh Que delicia Fabi.. Obrigada!!!

Cristiane Veronesi disse...

Me deu vontade de fazer xixi...kkkkkk

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Fabí Assis Barddal
Uma inútil que acredita que a inutilidade um dia vai dominar o mundo. Por formação sou Engenheira Agrônoma Paisagista e escritora
por pura preguiça de trabalhar. Também corto cana nas horas vagas.
Nada disso me deu dinheiro, só muito prazer.

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